quinta-feira, 31 de julho de 2008

sexta-feira, 25 de julho de 2008

terça-feira, 8 de julho de 2008

Serenidade onde nasce a liberdade

Nuvens ralas coando o sol da manhã.Diáfanas nuvens de gaze clareando o azul em branco. Sem formas delineadas, esparsas pinceladas de um artista solto pelo céu brincando com mágico pincel de nada fazer. Tudo amplo, aberto, imaculadamente limpo e original.

A praia deserta, a maré baixa. Caminho sem esforço pela areia lavada e dura da orla rendada de água fininha.Uso colares de sementes feito pelos índios Pataxós.Levo livros.
Livros pesam, mas fazer o quê, são meu destino e meu ofício. Leio o que me aparece, normalmente de quatro a cinco livros que vou espalhando pela casa, pelas bolsas, pela cabeça. Trouxe comigo um Tom Wolfe, "Um homem por inteiro".Um paralelepípedo de 662 páginas. Estou agarrada ao livro que lançado em 1999 é semelhante a sociedade brasileira atual que com atraso se espelha nas americanices do norte. Os exageros, as esquisitices e as excentricidades de um bilionário enfrentando a falência enquanto a família,a segunda mulher e agregados consomem suas ultimas forças em gastos perpétuos e estapafurdios da vida americana,.As favelas da cidade,os astros do esporte, a fazenda de 12mil hectares só para caçar codornas. O cenário é a cidade de Atlanta na Georgia.

Vou ao mar, ao horizonte, ao castelo das crianças, a Shangri-lá , ao rumo sem rumo que me conduz a esta prosa que deito prazeirosamente na folha do caderno preto.

De onde me vem este gosto encantado por ficar só? A natureza que me contem é forte ,fresca, a banhar-me em libertação.

Liberdade é o patrimônio que preservo é onde me reconheço forte, independente, plena no sentir em totalidade- me levo, me escrevo e me acompanho folgadamente no ritmo que me põe a dançar, ser siri, lesma brilhante,pirilampo do dia ou esta senhora desnuda que entende de se isolar para se pertencer, se alegrar com ondas que quebram, com mergulhos e águas de curar.

É tão bom ser agora o meu destino. Ser coragem suada de tanto caminhar. Ter o ânimo nutrido pelo livro de orações que carrego na bolsa- aqui Jesus me faz companhia, meu Jesus doador de graças e amor, um profundo amor que atravessa em compaixão os tempos. Banhada em luz na decomposição do espectro solar de cor rubi e dourado sou ouro da existência abrasada em amor. A esta hora o sol já vai pelo meio do céu e as pessoas transitam molemente pela praia.O cão labrador busca o pedaço de madeira, outro, um vira lata se lança na água atrás da casca de coco. Mais abaixo crianças fazem guerra de areia e o mar engole seus castelos.

A vida passa.

O minuto se desmancha enquanto o escrevo. A paisagem é dinâmica e se transforma num quadro vivo.

O sol faz-se ardido.

Espalho livros pela areia.

O trote do cavalo manso e o homem magro com chapéu de cangaço.

O mar recua .Ondas mansas.

Vai e volta o andante cavalo branco sujo.

As frases soltas se organizam em pensamento sem pensar.

Vida mansa é simplesmente estar.

Faço parte deste mundo em que o "estar lá fora" é ser feliz "aqui dentro", vibrando por fazer parte deste cenário dos deuses. Aqui, este aqui que eu falo agora é um lugar que só a mim pertence, onde não ouço o celular tocar, um "deixa estar". O corpo se entrega, os nervos sem tensão, o músculos dormitam na camada húmida da areia quente. A vida está ligada e passando, apenas testemunho. Ouvinte do marulhar, gerando um campo magnético imaculado, alheio a estreititude do chegar humano. De olhos cerrados, tudo existe apenas em uma névoa e não distingo o que é miragem e o que me vem de memória em paisagem. Coração quieto.

Um marulhar ... coração quieto.

Nunca nada é o fim do mundo.

O mundo é eterno, nós é que somos passageiros.

A esperança afetuosa no destino do meu neto Théo, a quem devo estes encantos que rendo ao planeta terra.