A meia noite ouvi todos os boleros.
Na alegria dos prazeres inofensivos dancei livre neste bordel que é a vida.
Pelas milongas de todos os santos que falta me faz o homem que não me adivinha.Doces lábios sobre os meus que imagino nesta febre louca.
Depois ,todos os tangos que se seguiram.
O tango adentrou-me toda.Pernas que se fizeram longas,despidas das meias com costura atrás.Eu e o bandoneon na infinita folia do desejo insano,nem sei se por quem partiu ou por quem irá chegar.Dou mil voltas a mais que todas as reviravoltas do destino .
Não importa.Quero arder nesta paixão sem dor,neste fogo anestésico.Nesta euforia redonda que desce quente, me anima em éter gelado , faz meus olhos serem mormaço e meu corpo um delicioso pedaço de mulher.
Quero me avultar impossível,descontrolada,absurda,à vontade dona de todas as sutilezas que não se capturam.
Rica,dona do tempo vadio nesta ficção onde me jogo sem compostura alguma neste clima que me embebe de verão. .
Não encontrei fantasias,nem maravilhas mas a imprecisão a partir do real no espelho que assiste
e me vê como se fosse outra.
Hoje é sábado do meu carnaval.
É.