sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Querida Querubim-Confissões íntimas,as partes mais sensíveis...



Ajo sobre o verso nu

do todo uno,
corpo amado
Aspiro a entrega
do tremer da pele
desdobro-me em ser e sou
Tudo pode
neste lugar primeiro
do planeta
Traços de nós
ascendendo ao cosmos
no respirar da festa
girando íntima
por entre os símbolos do quarto
ânfora grega
luz pálida do abajur amarelo
exóticos souvenirs
Santa guerreira
o mudo dinheiro
almofadas macias
recosto de inúmeros planos
lassidão de deserto
à sombra das palmeiras
além dos desejos do corpo
as lembranças hoje
são miragens
do arquivo de voyer
excitantes paisagens
somos assim
o veludo tímido transformista
entregue a carícia
do amanhecer



Livros,charutos,uma certa desordem transpira vida na sala.
Ela o recebe vestida.Bem vestida.
Suas roupas exibem elegância e ousadia.
O carrilhão toca e avisa o tempo,os números em algarismos romanos marcam as horas.
Por vezes a poesia em preto e branco.
Hamlet,3° ato,cena 1
Ser ou não ser
Eis a questão
(To be or not to be
This is the question)
O viver mecânico,a repetição das horas e dos dias.As lentes do óculos de grau.
O olhar míope dele a investiga de pertinho.
Os olhos buscam apertados o que não se vê de pronto.Os olhos para olhar respiram a aura da pele perfumada.
Frente a frente.Silenciosos
Apenas vim para te ver.Ele diz.
Ela assente com a cabeça.
Êle a penetra longamente com o olhar.Envolvido pelos mistérios sem decifrá-los.Tomado pela presença da mulher à sua frente.
Ela de olhos baixos, caminha até a cadeira de espaldar alto.a coluna ereta.
Pode ficar,ela diz.
-Mas não me toque baby.
Fique à vontade.Sirva-me champanhe.Quero bebericar.
Quieto! bem devagar.
Quieto! sua voz é imperativa.
O biombo em branco e preto delimita o espaço exíguo.
A mínima calcinha de seda mole e macia enroscada no tornozelo esquerdo.
Pode olhar.
Só olhar.
Não me toque.
Beije-me sem me tocar.
Tenho a vulva quente e húmida.
Vem cá,passe os dedos devagar por entre as minhas coxas.Bem devagar.
Você é tão doce.Sweet baby.
Ajoelhe-se e pinte com batom vermelho o meu sexo.
Agora beije-o demoradamente.
Colha o sal na sua boca.


A partir de certo ponto não há mais retôrno.O que fica além dos limites é o descarnar-se das coisas e sentimentos.
Quantil ôco preenchido com água fresca borbulhante
Aquilo que se situa no umbigo é sensação de insaciável liberdade.
Gosto de viver.
Vôo cego.
O inevitável caminhar pela atmosfera vazia,quase morte.

domingo, 11 de outubro de 2009

Querida Querubim-O desejo...

GALERIA ART LLIBERTAT
M.PAUMARCH obra gràfica
Bebe assim
do néctar que lhe ofereço
neste vão de lorde
alforge de águas
acordes de encanto
exclusivo recanto
de polpa macia
e seiva espumante
Bebe a mim
no enredo de teu porte
cativa-me com seus braços
me enlace forte
mais além do corpo
me ame pelo espírito
transborde em minha alma
o desejo,a posse
o desfrute da vida
e fique
Cristina Siqueira
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É como se fios invisíveis me prendessem a êle,pés,mãos,dançando no espaço,elástica,entregue ao fascínio que me põe bamba,bailarina.Todinha ali,coração,cintura,a dobra do ventre,eu danço.A vida em suas mãos num fio de delicado movimento.Marionete hipnótica de um feliz parque de diversões.Traços enovelados de sentimentos,Misty,ouço de um lugar qualquer.Deslizo pela memória do sexo,gostoso,bom.Agradável resposta do corpo encorpado e quente.O mergulho imprevisto na carne viva em desejos.Lábios sequiosos de beijos.Nada programado,sem resistência me entrego novamente.Sweet baby.Este senhor que me seduz com seus olhos mansos,a ponta suave dos dedos,a pressão forte das mãos em busca de apoios macios ,vãos aconchegantes.O leito sulcado na nuca onde a língua corre feito um rio.A sensação que perpassa a pele e chega a profundeza líquida do coração,impacto da existência dele em mim.Vejo-me de um outro jeito,êle sendo eu neste vale longínquo da vida.Reduzidos a essência.Seres completos. Cegos,tato da leitura sensível dos corpos,caminhos conhecidos,paisagens amadas traduzidas em luar.Auras deslizantes em misteriosas sensações.Vertigem.Nada que passe pelo pensamento.O abraço é tão estreito que nos dissolve em gotas de um amalgama fértil em energia.Ativamos super poderes ,podemos tudo neste momento inclusive apagar o mundo ,reinventar a vida....Suspiro fundo.A despedida apressada.Sem noção do tempo,do espaço.Completamente enternecida,anestesiada,largada de mim no último degrau da escada.Escuto a batida da porta.Um baque surdo no meu peito.-Como recobrar o controle?-como saber onde me acho? Meu Deus!-o rumo?O coração sufoca a traquéia ,enlouquecido no descompasso de suas rítmicas pulsações.Perdi a clareza.Os pés descalços.As pernas não obedecem,mãos trêmulas,coxas úmidas de amor quente.Louca! a risada explode no furor do desaviso.Incontrolável voz que cantarola sem som algum o bolero apoteótico.Ravel.Este enredo viciante,o drama explícito na secretude pálida do papel.Me descubro rica em amor pra dar.Me descubro desguarnecida,frágil,em pânico pela felicidadeque chegou,sem pedir licença,devastando a ordem melancólica situada na poltrona ocre da sala.Medo,sinto medo de recomeçar.O impacto físico que me põe viva,acordada faz-me perder das questões da existência.É a rota do ir-se embora da pressa,da urgência do dia seguinte,das próximas horas.É zerar os questionamentos,deixar de querer entender,reter,amarrar,aprisionar.Vivo um paradoxo entre a intensidade da carne viva que me conduz ao absoluto nada às sensações palpáveis de gelo na barriga que me vem pela dúvida,incertezas.A eloquência do grito que diz:Nâo pode!Começar tudo de novo...aprender a caminhar em novos velhos caminhos como iniciante.Buscar a mão perdida na distância...eu e o medo da dor, o medo do amor.Será?...acordar o que estava adormecido.Saio do estado de metal em movimento rígido e decorativo e passo ao terno desmanche de ser macia,solúvel em água doce,desmanchando em perfume pelo ar.Os sais na banheira de espuma,mergulho a felicidade.A marca deixada pela sua vontade.Sua voz suave percorre meus ouvidos...eternamente.