terça-feira, 16 de novembro de 2010

O prédio de tijolo cru é a minha casa



A neblina da manhã fria.Faróis são olhos abrindo a estrada.A luz treme.
O inverno era muito mais frio quando eu era criança.Tudo se torna apenas memória.
Nada morre para sempre.E o tempo passa.
Um filme dentro de um filme em que mortos e vivos convivem e não se sabem se mortos ou vivos.
Alguém chama os olhos azuis da menina.O xale de renda branca.De lã.E dedos que enlaçam a trama,o croche de laços e nós.
A vida em amores desfeitos.
Vai e vem.
-O que eu poderia ter sido?
O prédio de tijolos cru é a minha casa.
Histórias que não são reais,me apaixono por tipos que componho com encantamento.Rica em imaginação,desejos,carências,querencias.
Não uso relógio.
Escrevo onde não acontece nada.
Escrevo o que diz e não fala.
Xícaras empilhadas,lembro-me.
Aperto a cabeça para extrair a memória e dar-lhe um fim prático.
Um adorno em cima da mesa.
Apalpo o peito para acarinhar o coração.
É bom,bem gostoso.
Vejo à mim a meia -noite.
Agora relaxo.No calor da tarde é meio dia.
Riscar amarelinha no chão de cimento.
As fatias vermelhas de melancia em nacos.
Sede de guaraná champagne.
A infância que trago para visitar o presente tem gosto de frutas e perfume Avant la Fete.
Quando consigo alinhavar as ideias perco um pensamento.
Na calma demais vai-se o assunto.
Sem preguiça trabalho num plano invisível.
Sem preço.