sábado, 26 de março de 2011

Tempo de mudanças


Após dar-me um tempo para reflexão, desligada dos dias urgentes, entendi de levar a vida mais devagar e com melhores resultados. E é o que tenho feito. Superligada ao movimento energético, buscando clareza para me lançar à vida de forma simples e sábia.

Expectadora da flutuação do desconhecido mundo que nos acorda em aflição e dor com tempestades, furacões, terremotos, tsunamis e o ar letal em radioatividade.

-Que lição é relevante para a humanidade nestas tragédias que estão acontecendo agora? Com certeza, sairemos mais fortes após entendermos com quanto desprezo tratamos as dádivas generosas da natureza. Muitos ainda ganharão fortunas com esta tragédia e todas as tragédias futuras, outros serão tocados pelo espírito da compaixão, da solidariedade, da volta à simplicidade e respeito.

Tempo de mudança, de reinventar a maneira de viver. Tempo de prestar atenção e fazer o caminho contrário do profetizado bezerro de ouro.

Cansei de estar cansada, cansei da repetição ao infinito de meganúmeros, quantidades absurdas, desproporcionais.

A maxifilosofia do excesso, da nulidade do pensar, do embuste dos ganhos máximos, as pessoas acabam consumindo-se a si mesmas e as pessoas que as cercam. Devemos aprender e ensinar a que se aprecie o que temos, valorizando nossas conquistas, cativando pela boa educação, criando laços de bondade. Ë tempo de amor e presença junto à família. É tempo de abençoar, ser grato e ensinar às crianças a rezar. É tempo de fé.

O que pode ser mais importante nesta vida? Questiono o por que as pessoas agem contra seus próprios interesses. Questões de orgulho arruínam suas vidas. A inveja e a autoilusão levam-nas por caminhos que conduzem a nada. Por que é tão importante manter a autoimagem? Quanto você vale no mercado das aparências?

Por que o ciúmes e a cobiça do destino mais feliz do outro?

No tempo de meu pai, não era preciso elogiar o honesto, simplesmente a honestidade era uma norma de conduta que não precisava de realce.

Bem, tenho a minha própria vida para levar, tenho sonhos pessoais, projetos de sensibilização humana e social em busca de parceiros e é preciso seguir em frente.

Quero fazer acontecer a poética da vida moldando o próprio mundo em que as pessoas vivem... levá-las à reflexão sobre novas possibilidades muito menos angustiantes, preencher com palavras de sentido o tambor oco que lhes ressoa no peito.

Quero receber do tempo as dádivas das lembranças das coisas boas que fiz de fato. Desperta eu também sonho.

Agora no outono, entregue ao prazer da minha casa em Tatuí, sob a guarda de meu fiel Lovan, retorno a este “blog” de um jeito novo, com mais folga para o estilo fluir. O que significa recuperar meu jeito instintivo de ser desde que a chama do tesão de fazer se mantenha acesa. Quero ter bons motivos para escrever, entrevistar pessoas que realmente valham o meu tempo e o tempo da sua leitura.

Gosto do céu azul do outono em Tatuí, o tempo mais fresco que convida a tomar chá, café e a taça religiosa de vinho tinto. Gosto da facilidade com que me desloco pelo centro, usufruindo de ter tudo que preciso à mão. Gosto de meus amigos, da cordialidade dos vizinhos, de conversar com os leitores pelas ruas sem distanciamento. Gosto de pertencer a esta cidade, embora deva confessar que muitas vezes sinto-me desapontada com a falta de interesse e apoio efetivo para concretizar meus projetos.

E quero receber o carinho que mereço de pessoas que eu curto e admiro pela integridade ética, pelo trabalho que desenvolvem, pela coragem com que se lançam à vida. Pequenas atenções me animam a ir em frente, a despeito dos profundos presságios que coexistem no espaço de uma realidade violenta e desumana.