quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sobre esquecer...


Vou nascendo novamente, na esperança breve de ver-me reconstruida de outra maneira.Longamente se faz o tempo de esquecer.O tempo para germinar no ôco o calor do amor que atiça o querer.
A vida se faz de palavras repetidas,repetidas formas de se expressar.
Agora vivo silêncio,sono calmo,dou-me suspiros e um sincero desejo de amor novo.
Respeito a minha natureza,encaro instintos abafados,gozo de minha leve presença e sem
pressa parto em busca do meu destino.
Como cheguei a este estado nem eu sei ,é um estado de acontecência de ir-se esquecendo É um dar as costas e abrir-se em expectativa para o desfrute de novos aconteceres...é ir-se...ir-se...
A urgência de criar a cada tempo minha parte da verdade.Meu naco escuro de solidão ,para mim absurdamente solar,claríssimo.Apago o caso escrito,sou audaz me reconhecendo mínima,aprendiz .Fico melhor assim vendo as lembranças dispersas pelo vento na imensidão e depois apagadas pela chuva.E quem partiu tem menos poder longe da minha vista e tenho tempo,todo o tempo,para pensar onde irá ficar melhor o vaso chinês que ganhei num dia hipotético,azul em significados,letra de música onde irei colocar uma metalic orquídea,exquise e branca de paz.Esse ar solto,este vôo livre das lembranças machucadas.
Alargo o coração dando boas vindas ao próximo instante.E só tem um jeito é quando ignoro o que não pode ser feito é quando me digo: desisti de enfrentar o espanto , desisti de me enredar em promessas.
Tenho todo o tempo do mundo para estar comigo sem a exaustão de outra pressa .Zero não me assusta.
Amor como quero viver é aquele que traz um estado de alívio,ainda penso em pai,reino, conforto,
dia seguinte .Penso em filho e no tanto de amor que me carrega pelo fim de tarde de cor grisalha e imprecisa.Quero vencer o tempo com todos os vagares que atiçam meus sentidos.Nunca até onde sei mulher alguma ousou adolescer de fato quando chega o cansaço que o tempo traz e a envolve em aconchego, em mantas de lã fininha .
Acordei nesta manhã com as forças do sol a me abençoar viva e constante.Deixo-me ir como a água tocada pelo vento.E reconheço pelo volume de transparencia que me tornei esta mulher plena de sumo para ser saboreada com doçura.E quando choro reconheço o amor e quando rio de histórias divertidas percebo que liberta o vinho tem outro sabor .Vago enfim com os olhos abertos.
É com amor demais que desfruto a vida com os meus filhos, a graça dos pequenos,o cão fiel,poucos amigos chegados em pequenos espaços ocasionais repletos de alegria.Sossego de consciência.Esquecer é um exercício de não ver passar o tempo ocupada em me adiantar
para viver quem sabe uma nova carta de copas,quem sabe um rei,um imperador...quem sabe?
Um homem que me convença a lhe acompanhar senão os passos, as palavras e seus dotes de proteção e carinho.
E quando me olho no espelho gosto do que vejo...meus olhos brilham,tem a força de acreditar.
Cultivo encantos e reconheço que a maturidade me assenta bem.Existe uma luz ocupando o espaço do medo,da carência,da insegurança .Tornei-me em outra ,mais serena ,paciente,sábia.
Recordo de fatos na clareza que a distância revela,sei mais do que digo,aparo a passagem dos personagens em aventura ,vivo bem com o eterno e o efêmero e sòzinha agora me sinto fisgada por uma pressão provocadora nas partes da alegria.
A vida é preciosa em cintilações de intensidade que acenam e despertam meu instinto de sobrevivência.É um ir-se...

30 comentários:

Pedro Luso de Carvalho disse...

Cris,

Passei por aqui em "visita de médico", mas voltarei para comentar a sua mais recente postagem (estou no limite para entregar meu imposto de renda).

Abraços,
Pedro.

Genny Xavier disse...

Cristina,

A harmonia interior é resultado do esforço para crescer...e sorver o dias e as noites...e viver intensamente...e ter plena consciência da brevidade da vida que nos faz merecedores de um "carpe diem" pleno em que se aproveite e valorize cada suspiro, dor, riso, sorte ou revés...
Belo texto o seu...para que se aprenda com a coragem das suas palavras...
Beijos,
Genny

Vanilda Fiuza disse...

Querida Cris estou aqui inebriada com sua escrita que veio exatamente no momento de um choro incontido, e explode em dimensões exatamente no momento em que a minha tristeza imperava. Lindo texto, profundo e revelador como só vc, poetisa que sabe expressar tão bem o amor com um toque sutil de sensualidade gostosa, e que toca fundo nossos corações. Beijos de Luz amada...

Eduardo disse...

Parabéns pelo conteúdo e organização do Blog...
abraços

nydia bonetti disse...

Um texto pra ser guardado, Cris. Nem imagina quanto me fez bem ler isso: "Alargo o coração dando boas vindas ao próximo instante" e juntando a outra frase do post anterior - "buscando clareza para me lançar à vida de forma simples e sábia". É essa minha busca. Sinto que estou no caminho... belos textos. beijo!

Jorge Sader Filho disse...

Após um longo e proveitoso retiro, Cristina volta renascida.
Nem todos compreendem que este procedimento é uma realidade transformadora. Mudar por dentro, e crescer, é mudar por fora, trazendo verdades mais limpas e experiências com mais vida.
Parabéns, Cristina! Valeu.

Beijos,
Jorge

Renata Mantovani disse...

Querida, seus textos sempre incríveis. Tão sabias palavras. Você é uma pessoa iluminada, criativa, inteligente, elegante, forte e simples. Um beijo com toda minha admiração por você e todos os seus! Renata

Ira Buscacio disse...

Cris querida,
Lendo-te fui colando algumas dessas passagens a minha pele, mais que identidade feminina, essa tua percepção de humanidade me invadiu.
Maturidade enxergada não como um início de fim, mas como um despertar pra essência, o simples. A aceitação do ser sem inquietações. Viver a liberdade do encontro com a nossa existência.
Obrigada por me proporcionar essa leitura. Admiro-te!
Bjão e gracias ao carinho

Arte da Tribo disse...

Adorei a texto!
Estamos seguindo você!!!

Um abraço
e uma ótima 6ª feira.

Marcio Hoffmann
Arte da Tribo Produções

Phivos Nicolaides disse...

Lindissimo texto e linda foto. Bjs

M.PAUMARCH disse...

Gràcies, Cristina.
Eu tambem vai com os olhos abertos ao mundo.

Um abraço.

Salvador.
(ah! recorda el meu nom de pintor: M.Paumarch)

Eliana disse...

Muito lindo o seu blog, fico até sem jeito de te pedir pra visitar o meu, mas vou pedir rsrs.
Olha, meu blog é simples, mas estou amando fazer. Então, se poder dê uma passadinha lá, e se possivel me siga, vou te seguir.

Tenha um ótimo dia!

Ianê Mello disse...

Sim, a vida é um ir-se... é um eterno transformar-se, vir a ser...
Que assim possa ser vivida, com esperança e maturidade.
Grande beijo.

Anônimo disse...

essa calma que tras a maturidade ainda não alcancei , você tem o poder de valsar com as letras e tornar a dura realidade uma linda poesia , cada dia seu crescer a mais rica e sábia.cristininha.

lino disse...

É tão bom viver em paz connosco!
Beijo

Estela disse...

Sentir a força do sol, seguir lânguida como água que se derrama ao sabor do vento... deixar transparecer a mulher plena de doçura em sabor de mel... que é você.
Bjs.

Batom e poesias disse...

Oi Cris!
Como eu gosto dessas conversas que tem consigo mesma e que partilhas tão generosamente!
O exercício que faz em reconhecer-te com prosa rica de lirismo e lucidez.
És audaz e bela, minha querida.

bjs
Rossana

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Deve ser muito gratificante chegar a esse estágio de consciência, ter esse filtro do que passou e do que esperar da vida. Sem pressa, sem ansiedade. Texto inspirador e cheio de sabedoria. Um beijo e parabéns, Cristina.

Vera disse...

Oi Cristina........lendo seus escritos, poemas, poesias, seja lá o que forconsigo transcender o sue estado de vida, abundante, feliz, inteligente, realizado.
Muito bom saber que se não grandes amigas tivemos e temos um contato cordial, sincero, gostoso.
Um beijo carinho minha linda e que Deus continue te cobrindo de bençãos e inspiração sempre!!!

Unknown disse...

Linda CRIS!

O que você vê no espelho é a realidade que você trabalhou e conseguiu. A cada novo instante, você será feliz, num fluir dominante.

Beijos

Mirze

dade amorim disse...

É mesmo preciso dar boas vindaas ao tempo que vem.

Um texto muito bonito e alentador.


Beijo.

Eleonôra disse...

Profundidade, sensibilidade, intensidade, beleza... É isto que revelas naquilo que escreves.
É delicioso ler teus textos!
Parabéns!!!
Beijos

Pedro Luso de Carvalho disse...

Cristina,

Se pudéssemos recomeçar nossas vidas, agora que já trilhamos muitos caminhos; e se agora fizéssemos um rigoroso balanço de tudo o que fizemos e de tudo que deixamos de fazer; do que acertamos e do que erramos; de nossa doação a quem merecia nosso despreendimento; de tudo que repudiamos, quando isso não era o correto nem o melhor para nós; do que deixamos de usufruir, por ingenuidade ou indiferença; da coragem que deveríamos ter tido, e nos acovardamos frente a este ou quele desafio, para esta ou aquela conquista; se não tivéssemos sido vencidos pelo medo, ou, pior ainda, pela indiferença, por certo faríamos outros caminhos no nosso andar, no nosso recomeço, no renascer.

Mas será que tudo foi perdido quando fizemos caminhos sem norte? Será que não aprendemos com os nossos erros? Será que nossa solidão seria a mesma sem as quedas que tivemos? Entendo que toda essa vivência, com momentos de alegria e de conquistas, que se contrapõe com a solidão destes dias, deram-nos a sabedoria como recompensa. Mais ainda, conhecemos a nós próprios ao longo desses caminhos. E, assim poderíamos repetir com o saudoso Arthur da Távola, ao encerrar seu programa de Música Clássica na TV Senado: “Quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão”.

Abraços,
Pedro.

Fefa Rodrigues disse...

Oi Cristina, td bem?

Hoje escrevi no meu blog sobre a época em que os muros da cidade eram cheios de suas poesias e sobre como seria bom ver isso outra vez....

Se quiser dar uma olhada

http://apaixonadaporpapel.blogspot.com/

Abraços

Vanuza Pantaleão disse...

Cris, minha doce amiga, voltei das férias. Passei bem pertinho de Tatuí e, da janela do ônibus, lancei um beijo e um pensamento afetuoso para ti.
Como cintilam tuas palavras!
Que prosa saborosa!
Muito bom matar saudade daqui...
Beijinhos!!!

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Cris, belo texto e imagem...Espectacular....
Cumprimentos

Edson Bueno de Camargo disse...

Esquecer é uma arte necessária para a sobrevivência. Esquecer nos salvar da loucura. É um privilégio somente negado aos poetas, mas, não há arte sem algum sofrimento.

Tuca Zamagna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tuca Zamagna disse...

Uma delícia de prosa poética, Cristina. Estou aqui tateando com os olhos o infinito luminoso do "meu naco escuro de solidão".

Abraço

P.S.: Bela ilustração. Sua mesmo?

David Cotos disse...

ese dibujo me fascina.