sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sonhos


Foto de Jorge de Oliveira Jorge


Sonho

As margens móveis
onde desagua
a corredeira do destino
as terras destacáveis
das beiras
pontilham em peças
o desenho que se vai
pelo rio de leito tortuoso

Eu ,a massa desta matéria
miro-me no espelho de mão



O papel parece feito de areia e mato.Brisa que desfaz os pensamentos.A paisagem recolhe o vazio da paz.Nuvens caprichosas vagam -O que acontece neste mundo de nuvens,e além das nuvens neste mundo invisível e luminoso que toco quando sonho acordada em estado de paz?Nuvens tocadas pelo vento.Tem coisas que só compreendo depois que se passa muito tempo.
Os sonhos acordados chegam e se projetam em grande velocidade,se espalham pelo horizonte feito os livros pela minha casa.E caminham à frente da vida.
Sonhos voam ,tem vida própria e em suas asas me abasteço em energia que me leva a progredir.Sonhar é um estar hipnótico de curta duração e intensa potência.Sonhos acarinhados que me transportam ao universo das possibilidades.Sonhar é deixa-me levar pelo simples e absolutamente possível.Viagem do tudo pode ,o mais longe que consigo alcançar com a intenção de fazer acontecer.
Tranquilidade e harmonia,um restinho de cansaço persistente.Durmo com a consciência leve ,o corpo entrega-se aos lençóis macios.A fonte dos sonhos do sono onde refugio o espírito.À noite os sonhos dormidos são céu onde crio estrelas,estico os braços e alcanço a lua.Os sonhos não se detém se estendem pela madrugada,me vestem feito luvas.A segunda pele feita de nuvens e anjinhos balançando os pés na meia ogiva da lua crescente, um fragmento no imenso e profundo escuro.
Os detalhes falseados que surgem verdadeiros,a libertadora e possível esperança;a convulsão
de abismos,voos sem asas,vagas imensas,que me engolfam,solidão em espaços ermos,escadas infinitas,torturas ébrias em velocidade absurda.
Aprecio os sonhos pela manhã,tento reter o filme daquela noite,ás vezes anoto,ás vezes me esqueço.Tudo acontece enquanto os olhos teimam em não acordar,quando quero prolongar o estado acolchoado onde a alma recosta-se longa e lânguida.
Não existe caminhos de ida e volta,espaços vagos,imagens que vejo de coisas e fatos que não vejo.Visões e imaginações que passam pela minha cabeça,fugas em imagens líquidas que escorrem para um poço escuro ou um lago límpido e sereno onde se acalmam.
A natureza leve e diluída dos sonhos,o efeito de luminosidade e porosidade surreal das coisas que passam e tornam a realidade apagada.,espectadora de um mundo fugaz.,atemporal onde convivem fantasmas vivos e mortos,afetos,presenças impalpáveis contudo reais.Sem contorno surgem os sinais onde se assenta o universo dos fatos,coisas,pessoas,expressões.Sonhos são vazios para alcançar a impressão de amplidão,sem clausura visual expandem ao infinito a mitologia viva em que se estrutura meu ser.A atmosfera que se recria em olor,texturas,formas inesperadas e pressentidas.A incomum gama de sensações que me tocam a ponto de rir,sorrir,chorar,beijar a sós o travesseiro.Tudo se mostra atrás da gaze onírica..Sonho me faz sentida .Sentida de sonhar.